Desde sua ascensão política, Jair Bolsonaro construiu sua trajetória em meio a alianças estratégicas, mas também a rupturas constantes. O ex-presidente do Brasil, conhecido por sua retórica explosiva e postura combativa, tem um histórico de abandonar aliados e apoiadores quando a maré começa a virar contra ele. A metáfora de que Bolsonaro “não carrega feridos” e, em vez disso, “vai abandonando todo mundo no caminho para se salvar no fim da história” reflete um padrão de comportamento já observado diversas vezes ao longo de sua carreira.
Essa característica ficou evidente em diferentes momentos. Durante a pandemia da Covid-19, por exemplo, o então presidente rechaçou a responsabilidade pela crise sanitária e frequentemente culpou governadores, prefeitos e até ministros da Saúde por eventuais falhas. Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, que ocuparam o cargo no Ministério da Saúde, foram dispensados após divergências com Bolsonaro sobre a condução da pandemia. Da mesma forma, outros membros do governo que perderam utilidade política ou se tornaram incômodos acabaram descartados.
Outro exemplo notório foi a relação com o ex-ministro da Justiça Sergio Moro. A aliança entre ambos, inicialmente vista como um trunfo para Bolsonaro, desmoronou quando Moro denunciou supostas tentativas de interferência política na Polícia Federal. Após sua saída, o ex-juiz da Lava Jato passou a ser tratado como inimigo, sofrendo ataques diretos de Bolsonaro e seus apoiadores.
A mesma lógica se aplicou a militares e parlamentares que, em algum momento, foram peças-chave no governo, mas caíram em desgraça quando seus interesses deixaram de convergir com os do ex-presidente. Em sua campanha para reeleição em 2022, Bolsonaro contava com o apoio de diversas lideranças políticas e empresários, mas, ao ser derrotado nas urnas, distanciou-se de muitos deles, focando apenas em sua própria defesa diante das investigações que se seguiram.
Essa postura de abandono estratégico levanta questionamentos sobre sua lealdade e comprometimento com aqueles que, em algum momento, o apoiaram. Para Bolsonaro, o jogo político parece ser uma questão de sobrevivência individual, onde aliados são descartáveis e o objetivo principal é garantir sua própria permanência no tabuleiro.