O ministro Cristiano Zanin, indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Lula, enfrenta um dos momentos mais delicados de sua curta trajetória na Corte. Com a iminente análise de casos que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro, Zanin corre o risco de se contradizer em relação a posicionamentos que adotou no passado, especialmente quando atuava como advogado do petista.
O principal ponto de atenção recai sobre a ação que pode levar à responsabilização criminal de Bolsonaro pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Durante sua carreira como advogado, Zanin construiu uma reputação baseada na defesa de garantias constitucionais, sendo peça-chave na reversão das condenações de Lula na Operação Lava Jato. Na época, ele sustentava que princípios como o direito à ampla defesa e o devido processo legal haviam sido violados nos julgamentos que levaram à prisão do então ex-presidente.
Agora, como magistrado, Zanin precisará decidir até que ponto sua visão sobre garantias individuais se aplica também ao ex-mandatário de direita. Se adotar uma postura mais rígida contra Bolsonaro, poderá ser acusado de parcialidade e incoerência. Se, por outro lado, demonstrar um viés garantista semelhante ao que utilizou em favor de Lula, poderá contrariar expectativas de setores do governo e da opinião pública que aguardam uma postura firme contra eventuais crimes cometidos pelo ex-presidente.
O dilema de Zanin evidencia um desafio maior para o STF: manter a credibilidade perante a sociedade em um ambiente politicamente polarizado. Qualquer decisão que envolva Bolsonaro será escrutinada tanto por seus apoiadores quanto por seus críticos, e o posicionamento do ministro poderá reforçar ou fragilizar sua imagem dentro da Suprema Corte.
Dessa forma, o julgamento de Bolsonaro não será apenas uma prova para o ex-presidente, mas também um grande teste para Cristiano Zanin e sua coerência jurídica.