Diante da queda em sua popularidade e da necessidade de impulsionar a economia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem apostado em um pacote de estímulo ao crédito como uma de suas principais estratégias para reverter o cenário adverso. A medida, no entanto, gera preocupação entre economistas, que alertam para o risco de um impacto inflacionário caso a expansão do crédito não seja acompanhada de um crescimento sustentável da economia.
O governo tem trabalhado para ampliar o acesso ao crédito a diversos setores da população, especialmente para a classe média e os mais pobres, que enfrentam dificuldades para obter financiamento junto a bancos privados. Entre as iniciativas em discussão, estão a facilitação de empréstimos via bancos públicos, incentivos para a renegociação de dívidas e a ampliação do crédito consignado.
A estratégia de Lula não é nova. Em seus dois primeiros mandatos (2003-2010), o então presidente utilizou a expansão do crédito como um dos pilares para alavancar o consumo e fortalecer a economia. Na época, o Brasil viveu um período de forte crescimento, impulsionado também pelo boom das commodities. No entanto, o cenário atual é diferente. A economia global enfrenta desafios, e o Brasil lida com um mercado de trabalho instável e juros ainda elevados.
Para analistas, a principal preocupação é que uma expansão descontrolada do crédito possa pressionar a inflação, que já exige atenção do Banco Central. Caso o consumo aumente sem um correspondente crescimento na produção, os preços podem subir, levando o Banco Central a manter os juros elevados por mais tempo, o que poderia prejudicar o próprio crescimento econômico.
A popularidade de Lula, segundo pesquisas recentes, tem enfrentado dificuldades para se recuperar, especialmente entre a classe média e eleitores que se preocupam com a economia. O governo aposta que, ao facilitar o acesso ao crédito, poderá melhorar a percepção da população sobre sua gestão. No entanto, o sucesso dessa estratégia dependerá de um equilíbrio cuidadoso entre estímulo ao consumo e controle da inflação, um desafio que exigirá habilidade política e econômica.