O Paraná é o segundo maior produtor de leite do Brasil, você sabia disso? Temos quase 25% da produção nacional, com mais de 80 mil famílias que vivem diretamente desse trabalho. A grandeza desses números, porém, contrasta com uma dura realidade: o preço pago ao produtor mal cobre os custos de produção. Milho, soja, energia e insumos veterinários subiram mais de 40% nos últimos cinco anos, enquanto o valor do litro de leite pago ao produtor segue estagnado ou em queda.
O custo médio de produção de um litro de leite é de R$2,25, enquanto o valor pago ao produtor mal chega a R$2,45 por litro, deixando uma margem mínima que não garante sustentabilidade nem segurança para as famílias que vivem dessa atividade.
Um dos principais vilões é a entrada massiva de leite em pó importado e reidratado, que nos últimos cinco anos somou mais de 7 bilhões de litros equivalentes no mercado brasileiro. Esse produto, muitas vezes subsidiado em seus países de origem, chega mais barato, derruba o valor do leite fresco produzido no Paraná e impõe uma concorrência desleal. O resultado é cruel: milhares de agricultores locais não resistem e abandonam a atividade.
Só em 2023, mais de 12 mil famílias paranaenses deixaram a produção de leite, segundo dados da Conab. Estima-se que essa retração represente uma perda econômica superior a R$500 milhões por ano apenas no Paraná. Cada propriedade que fecha significa não apenas menos leite, mas menos empregos, menos comércio nas pequenas cidades e mais êxodo rural.
Abandonar o leite é mais do que perder uma renda, é o esvaziamento do campo, é a perda de uma tradição que faz parte da identidade paranaense. É deixar de ter comida produzida perto de casa para depender cada vez mais de produtos de fora. É ver famílias inteiras se desestruturarem e jovens serem obrigados a migrar para as grandes cidades, deixando para trás sua história e sua terra.
Para enfrentar essa distorção, apresentei o Projeto de Lei 888/2025, que proíbe a reidratação do leite em pó importado. Não se trata de fechar mercados, mas sim dar condições mínimas para que o produtor paranaense possa competir de forma justa. Essa medida precisa ser acompanhada de outras ações complementares, como linhas de crédito acessíveis, programas de incentivo à qualidade e acesso a tecnologias que aumentem a produtividade sem sacrificar a renda.
Defender o leite é também defender a segurança alimentar das famílias paranaenses. Leite fresco, produzido perto de casa, é sinônimo de saúde, emprego e desenvolvimento regional.
O Paraná não pode virar as costas para quem nunca virou as costas para ele. Defender o leite é defender o produtor, o interior e a dignidade de milhares de famílias.
Luis Corti – Deputado Estadual (PSB)
