O paranaense Rhony Ferreira é nome por trás de conquistas importantes da ginástica artística do Brasil. Ele é o coreógrafo responsável pelo “Brasileirinho” de Daiane do Santos, primeira ginasta a conquistar um ouro para o Brasil em mundiais, e também pelo “Baile de Favela” de Rebeca Andrade, prata nas Olimpíadas de Tóquio.
O próximo passo será o Mundial de Ginástica Artística, em Liverpool, na Inglaterra, entre o fim de outubro e o começo de novembro. Rhony Ferreira prepara a coreografia que será apresentada pela revelação Julia Soares, mais uma promessa do esporte – ela foi medalha de ouro em uma das etapas da Copa do Mundo, em 2022.
– A gente começou uma música bem bacana, vocês vão gostar. Não quero falar agora porque é surpresa. Vai ser bacana, aquele pessoal vai gostar muito quando escutar. Assim espero – disse Rhony Fereira ao Globo Esporte.
O menino inquieto encontrou no esporte a segunda casa, aos sete anos. Fez natação e vôlei, mas se encontrou na ginástica artística. Ganhou o primeiro campeonato disputado, ainda no pré-mirim, em Curitiba. Fez parte ainda de um grupo folclórico ucraniano.
Depois construiu a história como coreógrafo na ginástica. A trajetória de Rhony vai mais longe, lá em 2000, nas Olimpíadas de Sidney.
– A orquestra começou a tocar a Aquarela do Brasil, eu me arrepiei inteiro. Quando olhei para o lado, eu falei: estou em uma Olimpíada. Tanto esforço, tanta luta e estou aqui. A gente tinha um chapéu na cabeça, eu me lembro bem, e alguém na primeira fila resolveu tirar o chapéu. Quando o primeiro tirou, todo mundo tirou e abaixou assim, como se fosse escola de samba. A gente foi ovacionado. É uma sensação que até hoje não esqueço – relembrou.
Brasileirinho de ouro
Em 2003, Rhony Ferreira montou a coreografia Daiane dos Santos na medalha de ouro no Mundial de Anaheim, nos Estados Unidos. Ao som do choro “Brasileirinho”, de Waldir Azevedo, ela obteve uma conquista inédita para a ginástica brasileira.
Na ginástica, as combinações são essenciais. A trilha sonora é como se fosse um traje encomendado sob medida para a estrela do espetáculo. A força explosiva de Daiane dos Santos pedia uma música empolgante. Assim, o ritmo brasileiro adotado por Rhony abria as portas para a modalidade.
– A gente trouxe os caras da escola de samba para batucar e naquele momento exato eles faziam um repique. Quando ela fazia a acrobacia, vestia de música aquele movimento – contou o coreógrafo.
Baile de Favela para a história
Em Tóquio-2021, Rebeca Andrade encantou quem assistiu as provas da ginástica artística na Ariake Gymnastic Centre. Conquistou a medalha de prata no individual geral e depois ficou com a quinta posição na disputa pelo pódio no solo.
Um dos diferenciais foi o uso da música “Baile de Favela”, do MC João, mixada com a “Tocata e Fuga” de Johann Sebastian Bach. Um segredo guardado por cinco anos, que começou a ser pensado ainda nas Olimpíadas do Rio, em 2016.
O maior desafio não dependia do talento. Rebeca Andrade vinha de três lesões, a última que a tiraria de Toquio se a Olimpíada fosse em 2020. A disputa ficou para 2021, Rebeca deu um baile para o mundo, na mistura estilos tão diferentes.
– Quando eu cheguei no estúdio e falei: eu quero colocar Bach com Baile de Favela. Até o maestro falou que não vai dar certo. Falei que vai dar certo, são vibrações positivas que a gente sentia que ia dar certo. É uma sensação tão boa de realização pessoal e de vitória – disse Rhony.
Em 2022, Rhony Ferreira foi convidade pela seleção de ginástica dos Estados Unidos para preparar coreografias para as atletas. As músicas eram apresentadas, com duas opções, em um trabalho feito com o perfil de cada ginasta.
Mais um passo na carreira de um profissional que faz a mistura entre música e ginásticas ser traduzida em um resultado surpreendente e com muitas conquistas.