Moro lidera. O voto, porém, ainda respira.
Os números são nítidos: em cenários estimulados para o primeiro turno, Sergio Moro aparece com 47,5% no cenário 1; com 44,2% no cenário que inclui Alexandre Curi; e com 42,8% quando Rafael Greca figura entre os nomes. No segundo turno, o senador vence todos os adversários testados — por exemplo, 61,9% contra 18,3% em eventual confronto com Guto Silva. Esses percentuais e as informações metodológicas (amostra, datas, margem de erro ±2,6 pontos) constam no levantamento do Instituto Paraná Pesquisas.
Mas Ratinho é outra dimensão política
O que torna este dado eleitoral particularmente sensível é a aprovação do governador Ratinho Junior: 84,3% de aprovação conforme a mesma pesquisa. Numa política em que símbolos pesam, esse índice transforma o eventual anúncio do governador em algo mais que um endosso: vira um redirecionador de voto. A pergunta que paira nos corredores do Palácio Iguaçu e entre lideranças é simples — e enorme: quem Ratinho escolherá?
Continuidade ou realinhamento?
Quando o eleitor foi perguntado sobre quem é o melhor para continuar o trabalho de Ratinho, o mapa foi este: Moro 41,7%, Greca 23,6%, Curi 14,0%, Guto 6,2%. Já na questão sobre quem merece o apoio do governador, Moro surge com 38,3%, Greca com 25,9% e Curi com 15,2%. Esses números mostram algo essencial: o eleitor aprova a obra e a gestão, mas não tem unanimidade sobre o nome que personifica essa continuidade.
Os nomes no tabuleiro
No radar do Palácio circulam, com intensidade variável, quatro nomes: Guto Silva (o operador e nome orgânico do governo), Rafael Greca (força da capital e figura de gestão), Alexandre Curi (articulador da Alep, com capilaridade) e o perfil recentemente ventilado — o coronel Hudson — figura que agrada um eleitorado mais disciplinado e conservador. Cada escolha implica um tipo de transferência: a favor da máquina administrativa, do símbolo urbano, da articulação política ou da autoridade.
O que os dados nos contam sobre 2026
A leitura que proponho é esta: a eleição já tem um projeto preferido — a continuidade administrativa — mas ainda não tem o herdeiro definido. É aí que a decisão do governador ganha poder de transformar uma liderança confortável de mercado (Moro) em uma corrida completamente nova — seja unindo forças, seja buscando um nome que conserve o legado sem se confundir com ele.
Em resumo: Sergio Moro lidera nos números; mas o voto por continuidade permanece sensível à indicação do governador Ratinho Junior. O próximo passo político, portanto, não é apenas um anúncio: será um momento de desenho do mapa eleitoral paranaense.
Requião Filho: a resistência progressista que mantém seu espaço
Entre os nomes testados, Requião Filho (PDT) aparece como a principal âncora do eleitorado progressista no Paraná — e isso não é pouca coisa. Na pesquisa estimulada, ele registra 28,8% no cenário 1, 27,5% no cenário com Alexandre Curi e 22,7% no cenário com Rafael Greca. Esses números mostram que, embora não lidere, ele possui um núcleo de eleitores consolidados, que o mantêm acima de dois dígitos independentemente da composição adversária.
No cenário de um possível segundo turno, seu desempenho também se mantém estável: ele alcança 33,8% contra Moro, um patamar que revela não apenas presença, mas resiliência eleitoral em um estado amplamente governista. Requião Filho não disputa simplesmente espaço — ele disputa narrativa. Representa a continuidade de um legado político múltiplo, que já atravessou a história do Paraná, e ainda encontra eco entre parcelas do eleitorado que buscam alternativa, crítica e identidade própria dentro de um cenário dominado pela força administrativa de Ratinho Junior.
Para 2026, ele não surge como favorito, mas como o nome capaz de tensionar o debate, defender o campo progressista e manter viva uma fatia expressiva da voz oposicionista no estado.
Fonte: SulPost
