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Rombo milionário nos cofres da Caixa foi causado por tentativa desesperada de Bolsonaro em vencer as eleições

A estratégia desesperada adotada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para vencer as eleições ano passado colocou a Caixa Econômica Federal em mais lençóis. As desenfreadas concessões de empréstimos aos eleitores beneficiários do Auxílio Brasil e a oferta de crédito a pessoas negativadas através do SIM Digital, ações determinadas pelo então presidente do banco na gestão de Bolsonaro, Pedro Guimarães, surgiram como uma forma de reverter a desvantagem do ex-mandatário entre os eleitores mais pobres.

De acordo com dados enviados pelo banco através da Lei de Acesso à Informação, dos R$ 10,6 bilhões em empréstimos liberados para cerca de 6,8 milhões de pessoas através dos dois programas, maior parte desse montante não retornou aos cofres da empresa por conta da inadimplência dos credores, somente no caso do SIM Digital esta inadimplência chegou a 80%.

Diante disso, já que a Caixa não poderia oferecer novo empréstimos por conta das dívidas não quitadas, a direção bolsonarista do banco surgiu com uma solução também problemática ao lançar um fundo garantidor com os recursos do FGTS, no qual reservaram R$ 3 bilhões, dos quais seria necessário usar cerca de R$ 1,8 bilhão para cobrir o rombo deixado pelos empréstimos.

Essas estratégias renderam péssimas consequências à Caixa Econômica, ainda não passado o banco atingiu seu menor nível no índice de liquidez de curto prazo, importante indicador de risco no mercado bancário, ou seja, chegou perto de ficar sem recursos necessários para garantir as operações caso a instituição quebrasse, no fim de 2022, fechou o ano com um montante de R$ 162 bilhões – R$ 70 bilhões a menos que no ano anterior.

Durante as tentativas de equilibrar as operações do SIM Digital, vieram a tona denúncias de assédio sexual contra Pedro Guimarães, que foi afastado do cargo, sendo assim, os técnicos do banco suspenderam os empréstimos para negativados. Já em setembro do ano passado foi regulamento o consignado do Auxílio Brasil, no qual apenas a Caixa aderiu, e as operações iniciaram através do Caixa Tem a partir de 10 de outubro, poucas semanas antes do segundo turno das eleições, sendo um sucesso de público, o aplicativo (canal de contratação do empréstimo) chegou a ter mais de 200 milhões de acessos.

Porém a oferta durou pouco e o consignado foi cortado logo após a derrota de Bolsonaro, ofertas de outras modalidades de créditos também foram reduzidas logo após a vitória de Lula, acontecimento que já está sendo investigado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Isso abre precedentes para que a opinião pública considere esse empréstimos massivos bem no ano eleitoral como uma forma de “compra de votos” indireta, que acabou fracassado, mas levando junto uma das principais instituições financeiras do país.