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Assembleia discute telemedicina no Paraná

Com a expertise de ter realizado cerca de quatro mil atendimentos a partir da telepediatria desde o início da pandemia de covid-19, direção e médicos do Hospital Pequeno Príncipe (HPP), em Curitiba, participaram de uma audiência pública em formato híbrido da Comissão de Saúde Pública da Assembleia Legislativa do Paraná, na manhã desta terça-feira (24) sobre o tema “Uso de Telepediatria na Atenção Primária e em Ambiente Hospitalar de Alta Tecnologia”. “Pudemos conhecer um pouco mais sobre o trabalho que o hospital fez durante esse período usando a telepediatria, que provou ser muito eficiente durante o isolamento social”, afirmou o presidente do grupo de trabalho, o deputado Dr. Batista (União).

Regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), a telemedicina é um método usado para monitoramento de pacientes, troca de informações médicas e análise de resultados de exames, que são avaliados e entregues de forma digital aos pacientes, como os pedidos para testes para detecção da própria covid. Além disso, pacientes podem ter acesso a receitas médicas. A prática funciona como apoio para a medicina tradicional.  Utilizada em todo mundo, de forma segura e legalizada, a prática se popularizou ainda mais durante a pandemia de covid-19, quando o governo brasileiro liberou também as teleconsultas.  “Com o uso de tecnologias de informação, que agregam qualidade e velocidade, os médicos podem tomar decisões com maior agilidade e precisão e acessar os exames de qualquer lugar do país, utilizando computadores e dispositivos móveis, conectados à internet. Eu gosto da palavra telepresença, onde se alia conhecimento, tecnologia e a presença dos profissionais para levar a medicina mais longe e dar oportunidade de acesso a todas as crianças, no caso da nossa instituição”, relatou José Álvaro da Silva Carneiro, diretor corporativo do Complexo Pequeno Príncipe.

TytoCare

O Pequeno Príncipe e o hospital Sabará em São Paulo estão entre as únicas instituições de saúde do Brasil a utilizar um equipamento chamado TytoCare como suporte até mesmo para casos mais complexos na telemedicina.  Um aparelho capaz de realizar um exame à distância e aprovado pela Anvisa e pelo Inmetro. “Já é utilizado em caráter experimental em uma aldeia indígena perto de Curitiba, a Kakané Porã e na UPA do bairro Tatuquara, na capital. Na aldeia, por exemplo, uma técnica em enfermagem da própria tribo está sendo treinada para utilizar o dispositivo.  Além disso, está sendo implantado um projeto-piloto em Iguape, no litoral de São Paulo e em Paranaguá. Litoral do Paraná”, conta Álvaro.

O TytoCare é um kit tecnológico portátil que permite a realização de exame físico em qualquer lugar, basta ter sinal de internet. Os resultados são arquivados em uma plataforma digital, onde o médico acessa e, após analisar os dados, chega a um diagnóstico, para então prescrever o tratamento, sem a necessidade de estar frente a frente com o paciente. A ferramenta possibilita também a realização de consulta virtual onde o médico pode, inclusive, guiar o paciente nos exames. “O serviço proporciona precisão e rapidez no atendimento, evitando deslocamento até um hospital ou clínica. Imagine um paciente ter que se deslocar 500, 1000 quilômetros para fazer uma consulta ou pegar uma receita? Tem sido um apoio e tanto o uso desse dispositivo, que, no nosso caso, é utilizado em crianças”, ressaltou a médica Rafaela Wagner, coordenadora de Telepediatria do Hospital Pequeno Príncipe.

O kit pode ser utilizado no atendimento de 18 especialidades, como pediatria, clínica geral, otorrinolaringologia, pneumologia, cardiologia e dermatologia, entre outras. É possível inclusive realizar exames para avaliar as estruturas do ouvido, como o canal auditivo e o tímpano; analisar possível infecção da garganta, auscultar pulmão, coração e abdômen e fazer imagens de lesões na pele com alta precisão. “O aparelho possui inteligência que permite a captura fiel das imagens e sons. Todos os estudos clínicos realizados demonstraram a qualidade dos dados, imprescindível para o correto diagnóstico. Um estudo clínico, feito usando a tecnologia com 700 participantes com comorbidades, está em fase de publicação e tem o objetivo de validar o dispositivo no Brasil, em especial na área pediátrica”, exemplificou a médica. “Claro que a medicina não pode ficar indiferente à tecnologia, mas ela depende das mãos de quem usa. Por isso, o dispositivo deve trazer qualidade, experiência e possibilidade de acesso. Uma grande oportunidade de integração no SUS, afinal o Brasil é um país de desigualdades e isso vai fazer com que toda a população possa ter acesso. Especialmente, aquela que fica nas pequenas cidades”, completou Donizetti Dimer Giamberardino Filho, diretor técnico do Hospital Pequeno Príncipe.

Participações

Além de representantes da Secretaria estadual da Saúde, como Maria Goretti David Lopes, diretora de Atenção e Vigilância em Saúde e Jaqueline Finau, coordenadora do Núcleo Estadual do Telesaúde, participaram da reunião os deputados Guto Silva (PP), Luciana Rafagnin (PT) e Maria Victoria (PP), que colocaram os mandatos à disposição da SESA e do HPP. “Pelo terceiro ano consecutivo, apresentei uma emenda aditiva ao Orçamento do Estado para que sejam feitos investimentos em telemedicina e estamos aguardando uma reunião com o Governo para a implantação do Tyto em toda a rede pública de saúde”, destacou Maria Victoria, que aproveitou para entregar um diploma de Menção Honrosa à equipe do Hospital Pequeno Príncipe, em razão do trabalho que faz na questão das doenças raras.

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