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“Nos não vamos pagar nada”. Será?

Fim do pedágio nas estradas do Paraná encerra um ciclo de mais de 20 anos de tarifas altas, poucas obras e muita corrupção

 

Os paranaenses vão passar o ano eleitoral sem pagar pedágio nas estradas que cortam o Estado. Com o fim das concessões, as rodovias federais que estavam delegadas ao Paraná voltam a ser administradas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), e as rodovias estaduais permanecem sob responsabilidade do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR).

Segundo o governador, Carlos Massa Ratinho Júnior, em entrevistas ao G1 Paraná, ao longo de mais de duas décadas das atuais concessões, o pedágio foi muito lesivo aos. “Eu poderia prorrogar esses contratos, mas não seria justo com os paranaenses manter um contrato que por 24 anos fez um mal ao nosso estado. É preferível abrir as cancelas”, ressaltou o governador.

Até lá, a conservação das rodovias estaduais do Anel de Integração do Paraná, vai ficar a cargo do DER/PR, que já iniciou a licitação que prevê serviços rotineiros de manutenção do pavimento, conservação da vegetação próxima às rodovias, limpeza e recomposição de placas de trânsito e dispositivos de segurança viária para garantir a segurança nas estradas.

Muito polêmicos desde do início da concessão, em 1996, na gestão Jaime Lerner, os contratos com as concessionárias já foram temas de palanque eleitoral, quando o ex-governador Roberto Requião (MDB), prometia o fim do pedágio. Mais recentemente, foram alvos da Operação Integração, que investigou atos praticados durante a gestão do ex-governador Beto Richa (PSDB), que mirou crimes como corrupção, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, estelionato e peculato na administração de rodovias federais do Paraná. A operação, que começou em fevereiro de 2018, resultou em uma das três prisões de Richa, acusado de receber R$ 2,7 milhões em dinheiro. De acordo com o esquema, as concessionárias de pedágio eram beneficiadas com aditivos contratuais e omissão de fiscalização, em troca de pagamento de propina.

As cancelas foram abertas e os contratos encerrados, mas com quase metade das obras, já pagas pelos usuários inacabadas. Um ano sem pagamento não ressarci o cidadão pelas décadas de descaso e desvios. Aliás, é o próprio cidadão que vai “pagar” com o risco de trefegar sem segurança. O fim do pedágio no Paraná não será para sempre. O Governo do Estado já organiza uma nova concessão, que deve acontecer no primeiro trimestre do ano que vem.

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