Bezerra ficou em terceiro lugar na disputa por uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU) na noite de ontem. Ele recebeu apenas sete votos — Antonio Anastasia (PSD) foi eleito com 52 votos; Kátia Abreu (PP) ficou em segundo, com 19 votos.
O governo não abraçou a candidatura de Bezerra e, pelo contrário, agiu para atrapalhá-la. Ciro Nogueira (PP), ministro-chefe da Casa Civil, atuou em favor de sua correligionária Kátia, também derrotada.
Na tarde de ontem, nos bastidores do Senado havia rumores que Bezerra poderia acabar desistindo de concorrer à vaga, convencido por Renan Calheiros (MDB), que também apoiava Kátia. Ele negou a possibilidade de abrir mão da candidatura e fez uma declaração ao site O Antagonista:
“Vou ganhar a eleição! Estou muito confiante! Tem mais de uma semana que não falo com Renan!”
Ainda na noite de ontem, após o resultado decepcionante para Bezerra, senadores e deputados já comentavam que o líder do governo não teria mais condições de permanecer no cargo após a derrota.
“Entreguei nesta manhã o cargo de líder do governo no Senado. Formalizei o pedido ao presidente Jair Bolsonaro a quem agradeço a confiança no exercício da função”, escreveu no Twitter.
No lugar de Anastasia, assumirá como senador o atual diretor jurídico da Casa, Alexandre Silveira, também do PSD de Gilberto Kassab e amigo de Pacheco há mais de 20 anos.
Moeda de troca
Planalto também teria sido alertado de que apoiar Bezerra acabaria provocando uma reação ainda maior por parte do corpo técnico do tribunal de contas
Senadores acreditam que Anastasia no TCU pode ter sido moeda de troca para PEC dos Precatórios. Embora reconheçam o perfil técnico e o bom relacionamento de Anastasia com os colegas, senadores ouvidos por O Antagonista em reservado dizem que a aprovação do nome do mineiro para o Tribunal de Contas da União (TCU) pode ter feito parte da negociação para encontrar um desfecho para a PEC dos Precatórios.
A PEC abre espaço fiscal no orçamento para garantir o pagamento do Auxílio Brasil, programa assistencial que substituirá o Bolsa Família e é a principal aposta do Centrão para reeleger Jair Bolsonaro em 2022.
Para que Anastasia pudesse ter os 52 votos que o elevaram ao TCU, surpreendendo até aliados, senadores mais experientes acreditam que Ciro Nogueira, ministro-chefe da Casa Civil e presidente licenciado do PP, acabou atuando para garantir a eleição do nome apoiado por Pacheco, e não o de sua correligionária Kátia Abreu ou do então líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho.