publicidade

Março Roxo usa informação para amenizar preconceito com a epilepsia

Objetivo é promover conscientização sobre a doença que atinge mais de 50 milhões de indivíduos no mundo.

Apesar de ser uma das doenças neurológicas mais comuns, a epilepsia é cercada pela falta de informação e preconceito. Para trazer mais conscientização sobre o tema, o Paraná passa a contar partir deste ano com o Março Roxo.

A Lei 20.585 sancionada em maio de 2021, proposta na Assembleia Legislativa do Paraná pelo deputado Anibelli Neto (MDB), define este mês para priorizar informações sobre diagnóstico, sintomas, formas de manifestação da doença, tratamentos e cuidados a serem prestados durante crises de epilepsia.

A intenção é viabilizar o trabalho conjunto entre diversos setores da sociedade, promovendo palestras e campanhas sobre a doença que, segundo estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge mais de 50 milhões de indivíduos no mundo, com estimativa de que 3,5 milhões não recebem ou não fazem o tratamento adequado. Na América Latina, são quase oito milhões convivendo com a doença, sendo três milhões de brasileiros.

Para o deputado, “discutir sobre o assunto é uma importante ferramenta para a desconstrução de mitos em relação à doença. Muitas vezes a pessoa sofre mais com o preconceito do que com a própria epilepsia.”

A neurologista Ana de Souza Crippa explica que a doença é caracterizada pela ocorrência de crises que interrompem o funcionamento do cérebro de forma breve, repetitiva, imprevisível e não provocada.

“De forma prática, a epilepsia é o que leigo chama de ataque e podemos perceber alterações específicas no exame de eletroencefalograma. Mas há também características mais sutis, quando se percebe uma alteração na consciência por alguns segundos. A pessoa está conversando, por exemplo, para por um instante e depois retoma”, explicou.

Ela indica que é melhor pecar por acesso ao perceber algum sinal diferente. “Não achar que é chilique ou uma crise de ansiedade, pois pode ser epilepsia. Importante investigar”, reforçou.

Ana Souza indica como proceder ao presenciar uma pessoa durante o episódio convulsivo.  “A crise é autolimitada e dura menos de um minuto. Se alguém estiver fazendo algum movimento, se debatendo, ajude-o a se proteger para não se machucar e pode virá-lo de lado. Muita gente tenta desenrolar a língua, acha que vai fazer mal, mas isso é um mito, não é necessário, não vai causar nenhum problema”, afirmou.

Ela também defende a conscientização. “A Bíblia já falava de epilepsia e é importante desmistificar, mostrar que não é contagioso. Quem tem a doença é geneticamente predisposto ou possui uma lesão específica que a desencadeou. Importante aceitar a pessoa, acolher esse individuo. Os pais das crianças não devem tratá-las como impotentes, pois elas têm capacidade de serem indivíduos como outro qualquer, com trabalho e família e isso trará autoestima e segurança para atingir independência”, acrescentou.

Março Roxo

O Março Roxo é celebrado em diversos países e a escolha do mês se deu pelo fato de que em 26 de março é comemorado o Dia Internacional de Conscientização sobre a Epilepsia – o Purple Day.

Esta iniciativa surgiu em 2008, no Canadá, inspirada no relato de uma criança chamada Cassidy Megan, ao compartilhar seu sentimento de solidão por ter epilepsia. A cor roxa foi escolhida em alusão às lavandas, por ser uma flor ligada ao sentimento de isolamento descrito por Cassidy.

O objetivo original da campanha era incentivar o diálogo sobre epilepsia, em um esforço comum para reduzir os mitos e fazer com que as pessoas com epilepsia não se sentissem sozinhas.