Equipamento inova na motorização e na tecnologia, permitindo maior autonomia e eficiência, dando mais qualidade de vida ao usuário. Protótipo será divulgado pela Agência de Inovação Tecnológica da UEL com o objetivo de identificar parceiros industriais.
Pesquisadores do Laboratório de Controle Avançado, Robótica e Engenharia Biomédica, do curso de Engenharia Elétrica do Centro de Tecnologia e Urbanismo (CTU), da Universidade Estadual de Londrina (UEL), acabam de obter a patente de uma cadeira de rodas elétrica que inova na motorização e na tecnologia, permitindo maior autonomia e eficiência, melhorando a qualidade de vida do usuário.
O protótipo testado, e agora patenteado, apresenta motor trifásico por indução e corrente alternada, diferente dos modelos tradicionais existentes no mercado, que trazem motorização por corrente contínua. A cadeira made in UEL pode ser acionada por sopro/sucção variável ou pelo sistema joystick, semelhante aos periféricos utilizados em computador e videogames.
A partir de agora o protótipo será divulgado pelo Escritório de Propriedade Industrial da Agência de Inovação Tecnológica (Aintec) da UEL. O objetivo é encontrar parceiros industriais que se interessem em produzir a cadeira em escala para que a tecnologia chegue efetivamente para melhorar a autonomia de pessoas com paraplegia ou tetraplegia.
Segundo o professor Ruberlei Gaino, do Departamento de Engenharia Elétrica, o projeto foi desenvolvido por uma equipe de professores e mestrandos do curso que se debruçaram nos estudos e no desenvolvimento do protótipo montado a partir de uma cadeira elétrica, que teve o motor substituído por um trifásico por indução e corrente alternada.
Também conta com uma CPU de computador, onde está abrigado o software e toda solução eletrônica que permite maior autonomia, torque e eficiência energética.
INÍCIO – O projeto começou a ser gestado em 2013 a partir das pesquisas desenvolvidas por dois mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da UEL, Willian Ricardo Bispo e Antônio Pires Leôncio Junior. Hoje, Willian atua como professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) de Londrina e Ricardo na Universidade de Uberaba (Uniube).
Willian conta que tão logo terminou a graduação em Engenharia Elétrica na UEL, em 2012, buscava alternativas para continuar os estudos, com interesse na eletrônica de potência e controle. Antônio já atuava na área de eletrotécnica e tinha alguma experiência em trabalhar com cadeira de rodas motorizada.
Os dois se encontraram no curso de Mestrado da UEL em 2013. Os professores incentivaram a dupla a se aprofundar na pesquisa e no desenvolvimento de um projeto de cadeira mais eficiente. Além do professor Gaino, participaram da equipe os professores Marcio Roberto Covacic e Newton da Silva, ambos do Departamento de Engenharia Elétrica da UEL.
A pesquisa e desenvolvimento do protótipo podem ser considerados rápidos. Em julho de 2014 os pesquisadores terminaram os estudos e entraram com o pedido de patente, deferida no início deste ano.
CUSTOS – Ainda não há uma estimativa de custos dessa nova cadeira de rodas, mas os pesquisadores estimam que ela possa custar o equivalente aos modelos disponíveis no mercado, com a diferença de oferecer maior autonomia e alta tecnologia.
O professor Ruberlei Gaino lembra que toda a pesquisa foi custeada com recursos próprios dos integrantes da equipe, além de doações de amigos que compreenderam o impacto e a importância da pesquisa.
Ele explica que são raros os editais que contemplem a chamada tecnologia assistiva (técnicas e processos que podem prover assistência e reabilitação para pessoas com deficiência). O professor considera que a parte biomédica acaba sendo relegada, reduzindo o desenvolvimento de pesquisas nesta área tão importante.
Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 8,4% da população brasileira acima de 2 anos – o que representa 17,3 milhões de pessoas – têm algum tipo de deficiência. Quase metade dessa parcela (49,4%) é formada por idosos. Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, feito pelo Ministério da Saúde. Para se ter uma dimensão deste contingente que necessita de assistência, na faixa etária acima de 60 anos, uma a cada quatro pessoas apresenta algum tipo de deficiência.
VANTAGENS – Os pesquisadores sustentam que o protótipo traz algumas vantagens sobre os produtos disponíveis no mercado. Eles explicam que a nova cadeira abriga um software (gravado em um chip) que controla a velocidade do motor. O protótipo apresenta soluções de eletrônica que permitiram o uso de inversores trifásicos, sensores e placas, que representam inovações na tecnologia utilizada.
Este não é o único modelo produzido pela equipe do Laboratório de Controle Avançado, Robótica e Engenharia Biomédica. Em 2014 o grupo testou e divulgou uma cadeira elétrica movida por meio de sopro, indicada para pessoas paraplégicas com diferentes níveis de lesão. Na época a Agência UEL mostrou os testes realizados na quadra interna do Centro de Educação Física e Esporte (CEFE).
Esse modelo mais antigo aguarda a concessão de patente, já requerida ao INPI, há cerca de sete anos. A cadeira por sucção funciona por meio do ar expirado ou inspirado pelo usuário, praticamente sem esforço motor.
LICENCIAMENTO – O coordenador do Escritório de Propriedade Industrial (EPI) da Agência de Inovação Tecnológica (Aintec) da UEL, Diego Luduvério, explicou que o INPI deferiu o pedido de patente no último dia 25 de janeiro. A partir de agora a universidade recolhe uma taxa para a liberação da carta patente. Em breve a UEL poderá fazer o licenciamento para uma empresa interessada na produção da cadeira de rodas em larga escala, que deverá retornar com o pagamento de royalties pela criação e desenvolvimento do produto.