Já podemos considerar Sérgio Moro o Tarzan da política brasileira, não por representar uma figura heroica, ou por ser dotado de alguma capacidade física sobre-humana, mas por sua habilidade de pular de galho em galho em busca de financiamento para seu projeto de poder arquitetado bem antes que seu interesse na presidência do país fosse revelado, o Palácio do Planalto se transformou na Jane de Moro e ele não poupa esforços e tentativas de alianças para conquistá-la.
Bem diferente do herói da selva idealizado por Edgar Rice Burroughs, Moro está longe de desdenhar da hipocrisia da civilização, seu projeto é concretizar seu plano de poder, mesmo que a custas de rompimentos com intenções de impulsionar uma nova vertente da terceira via: os órfãos de Bolsonaro. Moro agora se esquiva do Podemos, partido que se lançou pré-candidato à presidência e se filiou em novembro do ano passado, e as investidas se concentram na fusão do PSL com DEM, que virá, a partir de fevereiro, a se tornar União Brasil.
Mas mesmo agarrado no cipó da lava-jato, nosso Tarzan ainda esbarra com galhos espinhentos, o futuro partido, que tem como um dos caciques ACM Neto (BA), teme dar apoio explícito a qualquer candidato e correr o risco de perder votos e alianças com outras legendas em âmbitos estaduais. Somando-se a essa dificuldade, os obstáculos para alavancar o nome de Moro e fixar alianças com outros partidos são ainda maiores.
Mas o que chama atenção do ex-magistrado no superpartido não é apenas a influência política, a sigla contará com um gordo fundo eleitoral, uma bagatela de R$1 bilhão de reais na conta do partido e, de quebra, mais tempo de propaganda na TV e no rádio. Uma mão na roda que tiraria o juiz Tarzan mau caráter do limbo direto para os caminhos de sua amada Jane, a sonhada presidência do Brasil, podendo contar ainda com o feito de derrotar os maiores polos políticos da história, Lula e Bolsonaro, coisa de herói.
Sabemos que definir Moro como um herói tão aclamado da literatura pode ser uma heresia, Burroughs que me perdoe, mas não teria definição melhor para as investidas do pré-candidato. O projeto é cíclico: mídia, dinheiro, eleição, vitória. E esse ciclo poderia se fechar se fosse temperado com algo importante para qualquer pré-candidato: projeto político, e assim como os animais selvagens que habitam a floresta de Tarzan, ele vive sua trajetória política com a visão em apenas um objetivo, abocanhar a caça, e no caso do ex-juiz Tarzan tupiniquim, a caça é a própria Jane.