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Delator – Joel Malucelli vira delator e deixa o Podemos

Um dos principais empresários do Paraná, Joel Malucelli, pediu desfiliação do partido no qual já foi um dirigente. Malucelli é primeiro suplente do senador Alvaro Dias, também do Podemos, principal articulador político do ex-ministro Sergio Moro, pré-candidato à Presidência da República.

Agora o empresário é colaborador da Justiça e garante que não pretende assumir a cadeira no Senado. Malucelli afirma que deixou o partido porque “cansou da política” e que não há relação entre o pedido de desligamento e a entrada do ex-juiz Moro na legenda.

Ele é fundador do conglomerado empresarial J.Malucelli, que atua em diversos setores da economia, como bancário, energético e de comunicação, onde tem sociedade na TV Bandeirantes no Estado. Seu patrimônio declarado na campanha de 2014 somava 236 milhões de reais.

Em 2018 o empresário foi preso em uma operação estadual sobre corrupção em contratos de melhorias em estradas rurais no governo de Beto Richa, que também foi detido naquela operação. A prisão aconteceu durante a campanha eleitoral daquele ano, na qual Alvaro Dias concorria à Presidência da República, também pelo Podemos. O suplente foi um de seus principais doadores na campanha anterior do senador, em 2014.

A construtora do grupo Malucelli tinha sido alvo de fase da Lava Jato do Paraná que mirava supostas irregularidades na formação de consórcio que venceu concorrência para a obra da usina de Belo Monte, alguns meses antes da prisão.

O alvo principal da investigação era o ex-ministro Delfim Netto, que sempre negou ter cometido qualquer ilegalidade. Duas empresas do grupo empresarial paranaense fizeram parte do consórcio da hidrelétrica, a J.Malucelli Construtora e a J. Malucelli Energia.

Joel Malucelli não foi incluído como suspeito, mas sim um executivo do grupo, Celso Jacomel Junior, que também sofreu buscas. O empresário anunciou em 2012 a saída do comando dos negócios familiares, embora até hoje mantenha atividades profissionais.

Moro, na ocasião, decidiu bloquear valores das duas firmas para garantir o ressarcimento aos cofres públicos ao fim do processo.A construtora, a empresa de energia e o executivo tiveram R$ 183 mil bloqueados.

Em 2017 Malucelli assumiu o diretório paranaense do Podemos a convite de Alvaro Dias, segundo disse à época, para alavancar a candidatura do amigo a presidente no ano seguinte. Antes, o empresário foi filiado ao PSD e cotado para disputar o governo do estado. Deu entrevistas antes da eleição de 2014 como pré-candidato.

 

Também se tornou conhecido como dirigente esportivo –presidiu o Coritiba e foi dono do clube Malutrom, que chegou a disputar competições nacionais.

A investigação provocou consequências sobre o conglomerado empresarial. Em 2020, firmaram um acordo de leniência três empresas do grupo, a construtora, a MLR Locações de Máquinas e a Televisão Icaraí. O compromisso previa o pagamento aos cofres públicos de R$ 100 milhões e colaboração em apurações da Lava Jato, Operação Greenfield e no caso das estradas rurais.

Assim, o Ministério Público se comprometeu a não apresentar ações de natureza cível contra as empresas e a pedir o desbloqueio de valores na Justiça. O acordo leva a assinatura de Deltan Dallagnol, que na poca era coordenador da força-tarefa da Lava Jato. Hoje, após ter pedido exoneração, ele recebe salário do partido Podemos e vai se lançar candidato, provavelmente a deputado federal.

Na esfera penal, Malucelli também firmou acordo de colaboração. Em agosto do ano passado, a TV RPC mostrou trecho de depoimento em que ele diz que houve cobrança de propina de 8% no programa estadual de estradas rurais na época do governo Richa.

O acordo prevê que ele fique em regime semiaberto diferenciado, mas só após a confirmação da condenação na Justiça. O caso das estradas retrocedeu várias etapas porque o Supremo Tribunal Federal decidiu em agosto passado que ele deve tramitar na Justiça Eleitoral, e não na Justiça Estadual do Paraná.

O partido Podemos adotou o discurso anticorrupção como uma de suas bandeiras institucionais. Alvaro Dias é um dos mais enfáticos defensores no Congresso da prisão de réus condenados em segunda instância, também uma das causas de Sergio Moro.

No final do ano passado, o jornal Folha de S.Paulo mostrou que Dias teve a sua campanha de 1998 financiada pelo operador financeiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava Jato chamado por Moro em sentença de “criminoso profissional”.

O congressista afirma que não houve nada de irregular com as receitas de campanha e que o Ministério Público já arquivou apuração sobre o caso.

As informações são da FOLHAPRESS.